Decisão de extraditar Julian Assange está adiada por semanas
13.07.2011 - 20:05 Por Joana Gorjão Henriques, Londres
Mais de 200 dias depois de estar em prisão domiciliária, Julian Assange vai ter que esperar provavelmente semanas pela decisão sobre a sua extradição para a Suécia. O caso pede reflexão, disse nesta quarta-feira o juiz do Tribunal Superior de Londres, no segundo e último dia de audiência. Não há data para o desfecho. O “Guardian” falava em não menos de três semanas.
Mais de 200 dias depois de estar em prisão domiciliária, Julian Assange vai ter que esperar provavelmente semanas pela decisão sobre a sua extradição para a Suécia. O caso pede reflexão, disse nesta quarta-feira o juiz do Tribunal Superior de Londres, no segundo e último dia de audiência. Não há data para o desfecho. O “Guardian” falava em não menos de três semanas.
Julian Assange à saída do tribunal (Suzanne Plunkett/Reuters)
O Ministério Público sueco quer questionar Assange pela sua suposta ligação a três agressões sexuais, incluindo uma violação, em Agosto. Em Fevereiro, um tribunal britânico autorizou a extradição do jornalista australiano, apesar de ele não ter sido formalmente acusado. Assange recorreu. Nesta quarta-feira de manhã, numa sala forrada a madeira e a livros, em que qualquer pessoa do público pode entrar, Assange, de cabelo cortado, mantinha-se impávido enquanto a advogada da acusação Clare Montgomery falava. Mas à tarde, quando os seus advogados argumentavam, estava mais agitado, trocando bilhetes com pessoas da sua entourage.
Na terça-feira, o seu advogado Ben Emerson defendeu que, apesar de Assange não ter agido correctamente e até ter “puxado os limites" do ponto a que as alegadas vítimas se sentiam "confortáveis”, os seus actos não podem ser considerados violação no Reino Unido. Disse ainda que não há provas de que tivesse havido falta de consentimento nos encontros sexuais com as duas mulheres, cujas identidades são protegidas sendo referidas como AA e SW.
A advogada que representa a Suécia disse que não seria a primeira vez que os tribunais britânicos se serviam de mandados de captura como base de extradição. E defendeu que as duas mulheres “não consentiram” em ter relações sexuais com Assange, tendo havido “coacção”. Já os advogados do fundador da Wikileaks consideram que há outros meios mais “proporcionais” do que um mandado de captura europeu - e negam não ter existido consentimento.
Assange saiu sem prestar declarações. Lá fora, uma multidão de jornalistas esperava. Uma enorme faixa vermelha dizia: “O primeiro dano da guerra é a verdade.” Mais perto da entrada, cartazes gritavam: “apoiem os resistentes de guerra”, “liberdade para Julian Assange, liberdade para Bradley Manning, liberdade de expressão”. Não se pode dizer que fosse um apoio maior do que os habituais activistas que se juntam á porta do tribunal, por outras causas.
Mas Assange tem fãs fervorosos, como Val Brown, 62 anos, uma mulher que viajou de propósito de Bredford para apoiar um “homem corajoso” - “sem ele as pessoas não saberiam a verdade sobre a guerra no Iraque e no Afeganistão”. Ciaron O’Relly, que pregou alguns dos cartazes e mobilizou apoios, diz que como activista já passou dois anos na prisão e sabe “a importância da solidariedade”. No seu crachá lê-se: “Não matem o mensageiro, libertem Assange”. Ainda não foi ontem que soube se esta continuará a ser uma causa por que lutar. A Wikileaks tem divulgado centenas de documentos secretos, incluindo informação confidencial do Governo americano, que provocou uma crise diplomática no final do ano passado.
Source:
http://www.publico.pt/Mundo/decisao-de-extraditar-julian-assange-esta-adiada-por-semanas_1502751
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